Os jovens estão se matando lá, e o dobro aqui!


Neste fim de semana nós, conselheiros do COMJUVE – Conselho Municipal de Juventude de Londrina, iniciamos uma discussão assistindo uma apresentação do Movimento Londrina Pazeando com o COMPAZ – Conselho Municipal de Cultura de Paz para promover uma linguagem e uma ação de Paz aos jovens de Londrina.
Não por acaso, neste mesmo fim de semana vimos a mais uma ação extrema do que chamamos de PROTAGONISMO DO JOVEM NA VIOLÊNCIA. Digo não por acaso por que no mundo o jovem está sim protagonizando a violência em todos os níveis, seja sofrendo-a ou praticando-a.
O ataque em uma casa noturna gay que matou 50 e feriu 53 em Orlando, nos EUA foi o piormassacre terrorista em solo americano depois do 11 de setembro. O número de mortos faz do ato o pior ataque a tiros da históriados Estados Unidos mas NÃO o pior do mundo que está aqui em nosso país, e o centro disso é o jovem.
O impacto desta ação em massa não reduz o que temos no Brasil em ações individuais, pelo contrário, só nos faz lembrar que esta violência existe e talvez não seja tão impactante por não ser em massa, como aconteceu neste fim de semana.
Lá morreram 50 jovens em um dia, aqui a violência faz 82 jovens mortos por dia, TODOS os dias. Jovens de periferia ou do centro, jovens estudantes ou profissionais, jovens ricos e pobres, de movimentos sociais ou não, mas em destaque destes números, 93% homens e 77% negros.
A Anistia Internacional no Brasil chama isso de um reflexo da "cultura de violência marcada pelo desejo de vingar a sociedade". Marca da intolerância e da falta de respeito dos nossos tempos.
Do total da juventude que morre no Brasil também são maiorias as mortes por arma de fogo (33%) seguida de trânsito (20,3%) e o restante (46,7%) dividido entre doenças e outros fatores. Isso também sugere que a sociedade brasileira está claramente admitindo que não se importa com as mortes e o há um silêncio e uma indiferença pelas mortes daqui.
Segundo dados de um estudo realizado pelo governo brasileiro, a UNESCO – Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura e a FLACSO – Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, mais de 116 pessoasmorrem por dia aqui no Brasil vítimas de armas de fogo, mais que o dobro do pior massacre terrorista em solo americano depois do 11 de setembro.
Mesmo com casos impactantes como este em solo americano, o Brasil ainda é o país onde mais se mata! Assassinatos, trânsito, a intolerância e diversos outros fatores matam mais no Brasil do que nas 12 maiores zonas de guerra do mundo.

Quanto aos jovens, dados estatísticos do Mapa da Violênciaindicam que desde o começo da sistematização (em 1980) até hoje os homicídios cresceram mais de 150%, fazendo aqui mais de 1 milhão e 200 mil vítimas de 15 a 29 anos.
Antes de qualquer políticas públicas de atuação nos diversos setores de juventude, precisamos garantir que o jovem não morra e não mate e que este cenário de violência seja alterado começando com a prática da tolerânciae do respeito.
Ações que (por mais que pareçam patéticas) são dia a dia praticadas ainda numa cordialidade simples de um bom dia, em uma resposta e comentário no facebook ou outra rede social, no entendimento do que é o seu semelhante, na evolução sobre sua opinião, sobre sua realidade, na tolerância sobre o espaço que o outro ocupa, no futuro a que ele está destinado, na práticaque o estado tem sobre a vida dele e sobretudo no respeito pelo que ele é. Isto preserva a vida!
Lembre-se que 170 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais entre 2004 e 2007. No Brasil foram 192 mil homicídios no mesmo período.

O Paraná tem o maior número de mortes violentas (52%) do sul do Brasil. Maior que RS (13%) e SC (35%) juntos. Quando se calcula somente dos jovens, o dado ainda aumenta, o Paraná tem mais de 56% das mortes de jovens do sul do Brasil. Santa Catarina soma 32% e Rio Grande do Sul 12%.

A naturalização desta nossa violência faz a sociedade não ler estas notícias no jornal, e não constatar em outro meio de comunicação, além de esta própria sociedade passar a desmerecer e desrespeitar o profissional de segurança pública que é vítima do poder que o rege no nosso país, sendo por vezes desestruturado o que faz uma classe exposta e mal remunerada.

Agradecendo aos conselheiros do COMPAZ Luis Claudio Galhardi (Londrina Pazeando) e Ênio Caldeira Pinto (UniFil) pelo nosso debate deste fim de semana, repito que é mais que urgente nós tratarmos a cultura de paz entre os jovens com apenas um único sentido: AS JUVENTUDES PRECISAM PARAR DE SE MATAR, seja a juventude negra, branca, lgbt, heterossexual, empresarial, estudantil, ou qual for. E intolerância está cada vez mais explicita na internet.

Deste encontro, surgiu o desejo de que o COMPAZ e o COMJUVE possam programar e realizar alguma atividade em conjunto ainda este anopara começarmos a pensar na Não-Violência na juventude e na construção de uma cultura de respeito e tolerância que, volto a colocar, preserva a vida e por mais que não vejamos começa em um comentário de facebook se estendendo por diversas ações até um disparo de uma arma de fogo.

Unknown

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