Tudo o que fazemos será lembrado para sempre. Isso faz com que as pessoas tenham medo de arriscar e jamais serem esquecidas!

Com este subtítulo a revista Galileu trouxe esta matéria superinteressante que vale a pena acompanhar apenas dois minutos de leitura.
Você já parou para pensar que tudo (ou quase tudo) o que faz está sujeito a ser gravado de alguma maneira? Se você comentar essa matéria, por exemplo, seu nome ficará registrado e atrelado às suas palavras para sempre (isso significa até quando o Google quiser). Sua opinião de hoje, provavelmente , não será a mesma daqui alguns anos. Mas o comentário de hoje irá “perseguir” você para sempre.

Frequentemente recebemos pedidos aqui na redação da Galileu para apagar algum comentário feito no site. O dono do pedido geralmente reclama que, quando coloca seu nome no Google, o tal comentário aparece. Se isso acontece com pessoas anônimas, imagine com as celebridades? Qualquer deslize de Amy Winehouse é registrado pelas câmeras dos paparazzi e está à nossa disposição em milhões de sites de celebridades. Daniela Cicareli tentou apagar da internet o vídeo em que fazia sexo na praia com o namorado e conseguiu, mas isso só aumentou as buscas pelo material.

Qual lição tiramos de tudo disso? Cicareli provavelmente pensará duas vezes antes de fazer a mesma coisa em locais públicos. O presidente Lula está cada vez mais cauteloso em fazer comentários em frente a microfones aparentemente desligados. “Em um mundo que não consegue esquecer, as figuras públicas estão mais cuidadosas com o que e para quem falam. Elas assumem que todos os discursos serão gravados e colocados à disposição, até mesmo descontextualizados”, diz Viktor Mayer-Schönberger, autor do livro Delete: The Virtue of Forgetting in the Digital Age (Delete: A Virtude do Esquecimento na Era Digital).

Schönberger diz que o esquecimento é essencial para a natureza humana, “nós lembramos eventos importantes e esquecemos o resto. É um filtro natural que nos permite generalizar, abstrair, evoluir e agir”. Criamos meios para lembrar por que nossa memória é naturalmente falha, por que queremos compartilhar com os outros e transmitir nossas memórias para a posteridade.

No entanto, os meios que criamos para registrar são tão eficientes que nossos rastros sempre estarão por lá para nos atormentar. Para o autor, “o esquecimento social é benéfico quando a sociedade decide que um certo capítulo de sua história perdeu valor para o presente”. Claro que as recordações sociais são igualmente benéficas quando queremos que a sociedade evolua, mude e evite erros passados. Mas é necessário haver um meio-termo entre o que a sociedade lembra e esquece.

O que Schönberger defende em seu livro é que as pessoas devem pensar a respeito da informação, ela é “contextual, tem uma validade, não é eterna”. Temos que fazer com que “lembrar seja um pouquinho mais difícil que esquecer, assim retornaremos ao equilíbrio original”.

Mas como voltar para o tempo quando as informações eram perecíveis e simplesmente morriam? Existem ferramentas digitais para colocar uma data de expiração nos dados que você disponibiliza na internet, por exemplo. O Flickr já permite que você crie links datados para expirarem, a maioria dos sites de relacionamento permite que você apague mensagens que escreveu quando julgar que elas não são mais relevantes.

Tudo depende de decisões individuais: “espero que as pessoas pensem sobre as informações que colocam na internet e aquelas que guardam para si mesmas”. Mas a autocensura também pode ser levada ao extremo: “se eu acreditar que tudo será armazenado para ser usado contra mim para sempre, eu me autocensuraria também”, diz o autor.

É como se estivéssemos sob vigilância constante, colocamos as informações à disposição de qualquer um, elas estão lá e podem ser usadas a qualquer momento. Como decidir o que esquecer e o que lembrar? Como arriscar se pode ser esquecido? Para Schönberger, para ir contra esse futuro distópico, temos que começar a reinventar o esquecimento.

Unknown

Phasellus facilisis convallis metus, ut imperdiet augue auctor nec. Duis at velit id augue lobortis porta. Sed varius, enim accumsan aliquam tincidunt, tortor urna vulputate quam, eget finibus urna est in augue.

Nenhum comentário:

Postar um comentário